Sophia de Mello Breyner Andresen

Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só pra mim.

quinta-feira, 30 de abril de 2009



Devagar no jardim

Devagar no jardim a noite poisa
E o bailado dos seus passos
Liberta a minha alma dos seus laços
Como se de novo fosse criada cada coisa.

quarta-feira, 29 de abril de 2009



Pascoaes

Aqui a bruma a noite o sete-estrelo
O sussurrar de brisas e de fonte
Aqui o tempo anterior puro horizonte
O ser um com a luz a flor o monte

A terra se desvenda verso a verso
seu rosto é de pinhais sombras e mágoas
Aqui o puro emergir: luas e águas
E o antigo tempo irmão do universo

segunda-feira, 27 de abril de 2009



Falamos juntos à luz. Lá fora a noite
Imóvel brilha sobre o mar parado.
À sombra das palavrs do teu rosto
Em mim se inscreve como se durasse.


sexta-feira, 24 de abril de 2009



Cá fora

Abre a porta e caminha
Cá fora
Na nitidez salina do real